domingo, dezembro 18, 2005

EU...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa Ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou.

Florbela Espanca

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