quarta-feira, setembro 12, 2007

ASSIM VAI O MUNDO...



Crime horroroso em Viseu
Mãe mata os dois filhos

Maria Helena, de 40 anos, sofria de depressão. Ontem à tarde degolou os dois filhos menores com uma faca eléctrica, em casa, no bairro de Santiago, em Viseu – e suicidou-se com a mesma arma.

Os corpos foram descobertos ao final da tarde pelo marido e pai das crianças, Fernando Costa Gomes, sargento da GNR.

A julgar pelo cenário encontrado no interior da habitação, Maria Helena Campos chamou os filhos ao quarto do casal – um menino de oito anos, Filipe, e uma menina de 11, Maria João – e executou-os cruelmente, um a seguir ao outro, com uma faca eléctrica. Fez-lhes um profundo golpe na garganta, deixou-os a esvaírem-se em sangue e suicidou--se da mesma forma.
Os corpos da mulher e da filha estavam caídos no chão do quarto ao lado da cama. O menino encontrava-se no lado oposto da cama e tinha uma perna partida, o que indica que tentou fugir à mãe para escapar da morte.

A tragédia deixou em choque os moradores de Santiago, na freguesia de S. José. A família era muito estimada pela vizinhança e apesar das tendências depressivas de Maria Helena nada fazia prever uma tragédia desta dimensão.

O casal “tinha uma relação normal e harmoniosa”. Eram “muito unidos e profundamente religiosos. Iam todos os domingos à missa”, contou um familiar.

Após o nascimento do filho mais novo, Filipe Gomes, Maria Helena passou a sofrer de depressão. No último ano “andava a ser tratada a um aneurisma” e, por isso, estava de baixa há algum tempo da empresa de camionagem Berrelhas, de Viseu, onde trabalhava como contabilista.

"SÃO MORTES POR MISERICÓRDIA"


O psiquiatra Afonso Albuquerque considera estar-se perante “uma situação clara de homicídio por misericórdia”. Para o especialista em comportamento é importante ter-se em conta a depressão nervosa profunda vivida pela mãe para se compreender este desfecho.

“Nestes casos a pessoa tem pensamentos negativos sobre tudo. Tem ideias destrutivas, acredita que já não há esperança e que não vale a pena viver”, afirmou Afonso de Albuquerque, acrescentando que “a ideia de suicídio começa a ganhar contornos de ser a única solução possível”.

O ter assassinado os dois filhos antes de cometer suicídio, justifica Afonso Albuquerque, deve-se ao facto de, neste caso, “a mãe projectar neles o seu sofrimento”. “Ela pensa que os filhos também irão sofrer se ficarem vivos. Então o pensamento dela assume que é seu dever, enquanto mãe, salvar os filhos desse sofrimento”, explicou, dando conta que “não é frequente encontrar-se casos de mulheres que usam meios tão violentos para matar ou para cometer suicídio”. “Normalmente as mulheres que cometem suicídio optam pela intoxicação medicamentosa. Neste caso, como tinha de retirar o sofrimento aos filhos, optou pelo objecto que tinha mais à mão.”

Outro aspecto realçado por Afonso Albuquerque prende-se com a possibilidade de tratamento: “Bastava um mês, com o devido acompanhamento, para que ela abandonasse as tendências suicidas.”



2 comentários:

aorta disse...

Está mais que provado que a medicação anti-depressiva causa, em alguns casos, tendências suicidas.
Não consigo entender isto, é arrepiante.
Que me desculpem os mais sensíveis, mas eu nem sequer compreendo a depressão. Apesar de já ter passado por momentos bem difíceis (a começar na infância), tento superá-los da melhor forma. Considero que tenho uma força interior que me faz levantar a cabeça em qualquer situação e continuar a andar em frente. Acompanhei durante alguns anos a depressão da minha mãe, que ficou viúva com 25 anos, sendo eu um bebé na altura, e aprendi com ela que o pior que podemos fazer a nós próprios é fazer-nos sofrer. Para mim ela foi a mulher mais forte que já alguma vez conheci, já que um dia, acabada de chegar de mais uma consulta, decidiu pegar em todos os medicamentos anti-depressivos e deitá-los no caixote do lixo, dizendo: "Adeus depressão". Voltou ao trabalho, voltou a tratar de mim e quando ouve alguém dizer que está com uma depressão ela simplesmente responde: "Deita-a no caixote do lixo".
Mas é muito complicado, muito mesmo!

Anónimo disse...

Eu também tive uma depressão há uns anos,e o meu médico recetitou-me consultas de psiquiatria, antidepressivos e anseolíticos. Não fiz nada do que ele mandou. Fui duas semanas acampar ara a Zambujeira do Mar, 1 sozinho, 1 com amigos. Praia, copos, miúdas, e passou quase tudo. A única coisa que restou é a mania de ter amigos esquisitos...