Em 1992, Eluana Englaro foi vítima de um terrível acidente de viacção que a atirou para um longo e profundo estado de coma. Após uma penosa batalha jurídica que durou mais de dez anos, os seus pais conseguiram que o Tribunal Constitucional italiano decretasse a suspensão da alimentação artificial que mantém a integridade das suas funções vegetativas.
Após o anúncio da decisão, Sílvio Berlusconi reuniu com o Vaticano e iniciou uma série de manobras políticas que estão a mergulhar a Itália numa perigosa crise constitucional. Para além de ter feito aprovar uma Lei que proíbe o cumprimento da decisão judicial, o governo de Berlusconi iniciou uma perseguição à clínica onde a jovem se encontra internada, lançando suspeitas de ilegalidades administrativas no seio da mesma. Os pais da jovem Eluana continuam a sua longa batalha, denunciando que «Berlusconi enfrentou o Presidente da República para tentar deter a legalidade» e acrescentando que «a Igreja (católica) não tem nada a ver com este assunto» nem lhe deveria impor os seus valores.
Independentemente da posição individual que cada um tiver nestas matérias, convém ter presente, como bem assinala Laura Ferreira dos Santos, que «é tempo de reconhecermos devidamente o pluralismo ético em que estamos envolvidos, em que não há uma única perspectiva do que é, ou pode ser, uma vida (moralmente) boa».
por: Pedro Morgado
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