Aproximaram-se à velocidade vertiginosa de mais de 670 quilómetros por minuto. A colisão era inevitável: um satélite comercial norte-americano de comunicações e um satélite russo não operacional deram o “beijo de morte” em órbita – no primeiro acidente do género no espaço – a quase 800 quilómetros de distância da Terra, algures sobre a Sibéria, revelou hoje a NASA.
O acidente, já confirmado também pelas autoridades espaciais russas, ocorreu na terça-feira e os peritos consideram que não inspira riscos de ameaça séria à Estação Espacial Internacional (ISS).
Os cientistas da NASA varrem agora os céus, em operação de zelosa vigilância, para garantir que a brutal nuvem de detritos provocada pelo embate não se torna num problema maior. “Vão passar-se semanas, pelo menos, antes de termos noção da verdadeira magnitude destas vagas de detritos”, alertava a agência espacial norte-americana, colocando no topo das preocupações o impacto que os detritos possam ter na multiplicidade de satélites de comunicações e de monitorização meteorológica que vagueiam àquela altitude na atmosfera.
O satélite russo, que pesava perto de uma tonelada, fora lançado no espaço em 1993 e estava inoperacional há pelo menos cinco anos, encontrando-se numa rota fora de controlo. Encontrou no seu caminho o mais pequeno Iridium, com pouco mais de meia tonelada, da empresa de comunicações norte-americana Satellite LLC, que chegara ao espaço em 1997 num foguetão russo.
Ninguém pode afiançar nesta altura quantos detritos foram lançados no espaço por causa da colisão. “Para já, estão a ser contadas seguramente dezenas. Creio que quando terminarem a contagem devem registar-se centenas”, avaliou à edição online do britânico "Times" o astrónomo norte-americano Mark Matney, perito em detritos espaciais no Centro Espacial Johnson, em Houston.
E, avançou, se os peritos da NASA forem ao preciosismo de contarem também os pedaços que não serão mais do que mícrones (a milésima parte de um milímetro) acabarão com uma contagem de milhares de detritos. “Sabíamos que isto iria acontecer em alguma altura. É de contar que as colisões vão tornar-se cada vez mais frequentes e mais importantes nas próximas décadas”, notou ainda aquele cientista.
Há algumas histórias embaraçantes, como a da astronauta norte-americana Heidemarie Stefanyshyn-Piper que, a 18 de Novembro do ano passado, deixou escorregar a mala de ferramentas que transportava enquanto limpava uma parte exterior da ISS, por a pistola de óleo ter disparado dentro do saco.
“Oh, lindo!” desabafou a astronauta no momento em que se apercebeu da risota generalizada que o incidente provocou no comando central terrestre. A mala de ferramentas de Stefanyshyn-Piper não causou qualquer dano à estação espacial e continua a flutuar no espaço, em órbita baixa, prevendo-se que acabará por inflamar-se quando entrar na atmosfera terrestre. É ainda hoje visível com o uso de um telescópio.
Pelo início de 2009, a NASA mapeava quase 18 mil pedaços de detritos na órbita da Terra – considerados apenas os que têm um tamanho igual ou superior a 10 centímetros –, os quais estão permanentemente sob a atenção da Rede norte-americana de Vigilância do Espaço, instituição sob tutela militar que detectou as duas nuvens de detritos provocadas pela colisão de terça-feira.
As autoridades espaciais indicam, consensualmente, que o volume de lixo espacial tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, parcialmente devido à destruição intencional de velhos satélites já fora de operacionalidade. A NASA considera até que a situação atingiu um nível de tal gravidade que constitui hoje a maior ameaça aos vaivéns em voo – superior já aos perigos de descolagem e de regresso à Terra.
fonte: " Público "
Opinião: Não se limitando a poluir o planeta Terra, o ser humano ainda continuar a poluir também a órbita terrestre. Agora eu pergunto, existe algo mais porco e ignorante que o ser humano?
3 comentários:
E se os satélites não tivessem colidido e eventualmente tivessem até descoberto algo novo no espaço? Continuavamos a adjectivar o ser humano de "porco e ignorante"?
Parece que há sempre um preço para o conhecimento humano progredir.
é verdade que o Homem tudo tem feito para progredir e inovar. Mas será que o faz correctamente? Será que não o poderia fazer de uma outra forma? Neste caso dos satélite um deles até já estava inactivo. E quanto à camada de ozono? E a alteração climática provocando o degelo de glaciares? Será que não vamos pagar um preço demasiado alto e irreversível pelo progresso? Não estaremos a hipotecar a vida das gerações seguintes???
Mesmo com toda a tecnologia num ambiente tão hostil como o espaço, e envolvendo máquinas tão complexas, é de se esperar que ocorram erros.
E foram muitos os acidentes que ficaram para a história da exploração espacial.É um preço demasiado alto sim. Mas isso é o progresso.
Enviar um comentário