Num programa de Jô Soares, ele entrevista o Maestro João Carlos Martins, que sofre de uma doença que paralisa as mãos e qualquer movimento é uma dor muito grande. Ver uma pessoa se esforçar para tocar uma música tão bonita, talvez uma das mais bonitas que existem, é de facto, emocionante!
João Carlos Martins começou seus estudos no dia em que seu pai comprou um piano, ainda menino, com a professora Aida de Vuono. Aos oito anos, seu pai o inscreveu em um concurso para executar obras de Bach e ele venceu seu primeiro prémio, de tantos outros que estavam por vir.
Um amor tão grande pela música, uma dedicação tão intensa e meritória de admiração e respeito. João Carlos Martins viu-se por diversas vezes privado de seu contacto com o piano, quando teve um nervo rompido e perdeu o movimento da mão direita em um acidente em um jogo de futebol.
Com vários tratamentos, recuperou parte dos movimentos da mão, mas com o correr dos anos desenvolveu a doença chamada LER, que ocorre devido a movimentos repetitivos e causa o estressamento de nervos. Novamente teve que parar de tocar, e dessa vez acreditou seria para sempre. Vendeu todos seus pianos e tornou-se treinador de boxe, querendo estar o mais longe possível do que sua carreira significava como músico. Mas sua incontrolável paixão o fez retornar, e realizou grandes concertos, comprou novos instrumentos e tentou utilizar o movimento de suas mãos criando um estilo único de tocar e aproveitar ao máximo a beleza das peças clássicas. Utilizou-se da mão esquerda para suas peças e obteve extremo sucesso com esta atitude.
Ao realizar um concerto na Bulgária, sofreu um ataque em um assalto, e um golpe na cabeça lhe fez perder parte do movimento de mãos novamente. E ao se esforçar, sofria dores intensas em suas mãos, principalmente na esquerda. Novamente pensou que nunca mais voltaria a tocar. João perdeu anos de sua carreira em tratamentos, treinamentos e encontrou novamente uma nova maneira de tocar, utilizando os dedos que podia em cada mão, mas dia a dia podia tocar menos e menos com o estilo e maestria de antigamente.
Curiosidades
Em Fevereiro de 2004 um crítico inglês descreveu um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dali: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo.
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