Não é fácil encontrar no futebol mundial figura de longevidade tão pronunciada e efectiva como Pinto da Costa, que cumpre hoje 72 anos.
Nos tempos recentes não existe mesmo quem o iguale, mas num desvio temporal expressivo chega-se ao nome de Santiago Bernabéu, que foi presidente do Real Madrid durante 35 anos consecutivos (1943 até falecer, em 1978) ou ainda à poderosa família Agnelli, ligada à Juventus.
No desporto em geral, também é difícil desvendar gente a percorrer tantos anos de presidência com a mesma pujança e sem vacilar às armadilhas do tempo e de outra espécie. Juan Antonio Samaranch, que presidiu ao Comité Olímpico Internacional durante 21 anos é uma dessas grandes figuras de topo, clube onde alinha também a mítica presença de João Havelange, líder da FIFA entre 74 e 98, e ainda cheio de saúde aos 93 anos.
Pinto da Costa, que hoje celebra 72 anos, terá em si um pouco de cada um deles, em termos de presença efectiva e de representatividade social, ainda que a sua expressão seja mais local do que universalista, como ele sempre desejou.
Pinto da Costa, que nasceu a 28 de Dezembro de 1937, não será tão consensual no meio desportivo quanto Samaranch ou Havelange, que passaram pelo seu tempo dourado sem sopros de contestação, mas em contrapartida desperta mais emoções vivas que os antigos líderes do COI e da FIFA alguma vez despertaram.
PC não é uma figura consensual no futebol português, nunca foi e só o será quando amolecer e se entregar, o que não parece ser o caso, pois vai avançar para mais três anos de presidência.
Os títulos conquistados, a defesa do clube por todos os meios, garantiram-lhe amores eternos mas também ódios de estimação que vai transportando consigo. A sua vida, aliás, tem sido assinalada por curvas e contracurvas e por alguns episódios que o colocaram em posição nebulosa.
Acérrimo defensor do clube, da cidade e da região, o líder portista convoca por vezes essa condição regionalista para se expressar e esgrime a espada de um clube contra o mundo.
Aí faz do Porto, clube, cidade e região, uma aldeia de Asterix dos tempos modernos, onde ninguém pode ousar entrar. Amando-o ou odiando-o, há um facto que não pode ignorar-se. Pinto da Costa será hoje o mais velho presidente de um clube de futebol em actividade.
Falta referir que um dia, talvez depois da sua morte, se venha a provar todos os crimes por ele cometidos, porque já cheguei à conclusão que a justiça portuguesa nada fará a Pinto da costa enquanto ele for Presidente do FC Porto.
3 comentários:
É demasiado fácil lançar suspeitas neste país. Antes de ser julgado, Pinto da Costa já é e nunca deixará de ser corrupto, numa relação amor/ódio nutrida pelos adeptos dos clubes rivais do dragão. Da mesma forma, Carlos Cruz, já com a carreira destruída e a vida pessoal deteriorada nunca se livrará das suspeições de pedofilia, mesmo que venha a ser declarado inocente. Até mesmo o Primeiro Ministro é corrupto, quem diria! Antigamente todos éramos inocentes até prova em contrário, hoje todos somos culpados sem excepção. Sinceramente, não colocava as mãos no fogo por nenhum presidente desportivo, por nenhum presidente de qualquer empresa, por nenhum político, dias há em que nem por mim. Mas este não é o país que temos, para a maioria é aquele que merecemos, aquele em que mais do que pensar nos verdadeiros problemas, de pobreza, de saúde, do desemprego, da corrupção, etc etc, nos debatemos diariamente em saber de quem é a culpa dos resultados do Sporting e por quantos vai ganhar o Benfica para a semana, numa versão do célebre "atirem-me areia para os olhos" limitado agora apenas ao futebol, mas que um dia foi fado, bola e vinho.
Realmente para alguns a reforma não compensa...
Neste caso, não é lançar suspeitas, são provas reais que qualquer cidadão mais atento sabe.
A justiça sabe, tal como sabe do nosso primeiro-ministro e simplesmente coloca as gravações telefónicas na gaveta.
Já sabemos que as escutas telefónicas são reais, assim sendo acho que o povo tinha a obrigagação de saber o seu conteúdo.
No caso de Pinto da Costa, todos sabemos que se não vivessemos em Portugal, ele estaria preso e o FC Porto já teria descido de divisão, tal como aconteceu com o Marselha e até mesmo com a Juventus.
Existem coisas muito mais graves do que falsificar um resultado desportivo, existem provas de agressões e ameaças a familiares de jornalistas e árbitros.
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