A fórmula foi primeiro descoberta pela indústria discográfica. Meninas jovens, sorridentes e fotogénicas. O facto de não saberem cantar era um pormenor. Assim surgiam as "girls bands" e grandes sucessos de vendas.
O Bloco de Esquerda adaptou a ideia à política, e desta forma umas moças simpáticas vistosas e sorridentes, com destaque para as pioneiras Ana Drago e Joana Amaral Dias, começaram a povoar a Assembleia da República. O facto de serem cabecinhas ocas era um pormenor. O produto vendia e conquistava votos, sobretudo entre a juventude.
Como o PCP copia tudo o que o Bloco de Esquerda faz, em particular os maus exemplos, foram arranjar também umas "cheerladers" para enfeitar as bancadas do parlamento. É neste contexto que surge a deputada Rita Rato, a nova estrela da política nacional.
- Alguma vez se tinha imaginado enquanto deputada?
- Nunca tinha pensado nessa hipótese. Depois concretizou-se. Mas não vai ser a minha profissão, eu sou funcionária do PCP. Agora tenho esta tarefa, como já tive outras. Pode não ser para sempre, e o mais certo é não ser.
- Quando é que começa a surgir o interesse pela política?
- Vivi em Estremoz, a minha terra, até completar o 12º ano e já me identificava com o PCP e com a Juventude Comunista Portuguesa (JCP). Desde logo porque o PCP tem no Alentejo prestígio e reconhecido mérito na luta pela democracia, sobretudo ainda no tempo do fascismo. Depois, quando ingressei no ensino superior e comecei a confrontar-me com as dificuldades de um universitário deslocado, sem direito à acção social escolar, com o valor das propinas a aumentar, naquela altura indexadas ao salário mínimo, senti a necessidade de aderir à JCP. Foi em 2001.
- Mas como surgiu o contacto com os ideais comunistas antes da JCP?
- A partir dos meus 17, 18 anos. Ainda estava na escola secundária. Foi através da própria discussão sobre o que foi o 25 de Abril e o processo revolucionário.
- Foi a partir daí, e nas aulas de História, que começou a formar a sua identidade política?
- Sim. Mas não apenas nas aulas de História. Lembro-me de ser muito pequenina e festejar o 25 de Abril com muita alegria.
- As pessoas votam nos outros partidos. O PCP não tem ganho eleições...
- Cada voto na CDU é um voto que é conquistado com muita conversa, com muito esclarecimento, com debate sério, e é um voto que afirma a necessidade de rotura. As pessoas acham que 33 anos de políticas de direita já provaram que é o caminho dos baixos salários, o caminho da elitização do acesso à cultura, a precariedade...
- Mas se as pessoas estão fartas das políticas de direita, porque é que o segundo e o terceiro maior partidos são de direita e o partido do Governo toma medidas, como diz, de direita?
- Vai ter de perguntar a quem votou neles porque eu, de facto, não votei.
- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?
- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.
- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?
- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...
- O facto de haver presos políticos.
- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.
- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.
- De facto, não conheço a fundo essa situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.
- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais, não discutiu estas questões?
- Não, não abordámos isto.
- Como olha para os erros do passado cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?
- O PCP, depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos, sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.
- Houve experiências traumáticas...
- A avaliação que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do que foi feito de bom.
- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?
- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.
- Mas foi bem documentado...
- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.
- A ex-deputada do PS Marta Rebelo disse que foi difícil que começassem a levá-la a sério. A política é mais difícil para as mulheres bonitas?
- Se me está a chamar bonita, é um elogio e agradeço. Nunca tive problemas em ser levada a sério. Estive na Assembleia Municipal de Estremoz e nunca tive dificuldade em apresentar a minha opinião.
PERFIL
Rita Rato Araújo Fonseca tem 26 anos e é licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa. Foi 3.ª na lista de candidatos à AR pelo círculo de Lisboa. É natural de Estremoz, onde vive a família e aonde volta "sempre que tem tempo". Vive em união de facto e tem um filho de dez meses. Tem simpatia pelo Benfica.
Entrevista realizada por Hélder Almeida , 'Correio da Manhã' a 18 Outubro 2009.
Mas atenção, é sempre com agrado que vejo cada vez mais mulheres e principalmente bonitas no panorama político português. Venham muitas mais!
6 comentários:
Sim, realmente os críticos nunca sabem nada acerca do comunismo... lamentavel até porque para argumentar é necessário saber do que se fala...
viva! viva! Gosto do 25 de Abril, por isso vou ser comunista!
Se existem poucas mulheres na política é logo motivo para falatório,,,quando existem dá nisto... seremos o eterno ze povinho de sempre.
Olha lá...os comunistas não comem apenas criancinhas ao pequeno almoço sabias? Vê lá se um dia te como a ti oh laranjinha refilona... LoL :)
Beijinhos...
Atenção, parece que fui mal entendido, estas postagens sobre as mulheres na politica são feitas exactamente pelo facto de ser bastante agradável ver caras bonitas no panorama político português. Ainda vai haver mais postagens sobre as outras. Por um acaso, na pesquisa que estava a fazer encontrei esta entrevista e não pude deixar de a colocar, mas as postagens servem essencialmente para mostrar as caras bonitas que existem na nossa política.
Viva as mulheres!
Além de darem um toque mais agradável ao parlamento, dificilmente conseguirão fazer as mesmas figuras tristes que nos são oferecidas pelos seus colegas masculinos, mesmo que de vez em quando abram a boca para entrar mosca ou sair asneira. Quanto ao aspecto político já aqui referido, acho-o dispensável. Democracia é cada um poder ser o que quiser e ser respeitado por isso, sem necessidade de atacar ou ser atacado pelos seus pontos de vista.
Enviar um comentário