A ideia de pedir a repetição do jogo Sporting-Paços de Ferreira, que é defendida pelos juristas da SAD do Sporting, é mais um episódio destinado a entrar no anedotário bem recheado do grande pântano em que vive o futebol português, à semelhança do célebre luto sportinguista decretado há uns anos pelo ex-presidente Dias da Cunha. Infelizmente, nos últimos 25 anos, a história do futebol português está resumida a títulos do FC Porto, entremeados com títulos do Benfica enquanto andava por lá Fernando Martins, o grande amigo de Pinto da Costa em Lisboa. Para o Sporting, que investiu como ninguém em grandes equipas e em grandes treinadores, ficaram três campeonatos e umas taças sobrantes, conquistados em anos de crise e distracção dos controladores. Nos anos 90, o Sporting ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça porque tinha mesmo uma grande equipa, o mesmo acontecendo quando foi campeão em 2000 e 2002, falhando muito ingloriamente um tri-campeonato porque o Boavista de Valentim Loureiro se meteu na luta, presumivelmente por "determinação" do tal "sistema", vencendo a Liga de 2001. Quem não se lembra do anti-jogo e do jogo violento que levou o Boavista ao título?!... Quem não se lembra da protecção dos árbitros a esse tipo de jogo?!... Apesar do jejum de títulos, é curioso verificar as tentativas do Sporting para abraçar os métodos nortenhos, ao ponto de o "namoro" incluir trocas de jogadores com o FC Porto e transferências de quadros técnicos. É também curioso lembrar o silêncio do Sporting quando a classificação da equipa no campeonato indicava o cumprimento dos objectivos... O mesmo silêncio, afinal, que se verificou antes do último Nacional-Sporting, e mesmo depois dele. O árbitro Paulo Paraty nunca poderia ser o escolhido e a sua nomeação deveria ter sido recusada ou aceite sob protesto, mais a mais por se tratar de um dos homens do "apito dourado". Mas ele acabou por dar a vitória ao Sporting que, com os três pontos no bolso, assobiou para o ar e para os lados. Também a nomeação de João Ferreira deveria ter sido chumbada pelos dirigentes sportinguistas antes do jogo com o Paços de Ferreira, nomeadamente por anteriores graves prejuízos que esse árbitro já provocou ao clube leonino. O "sistema" mafioso que domina o futebol português é tão requintado que, em apenas dois jogos, conseguiu arrumar com a legitimidade de quaisquer críticas do Sporting. Numa jornada, o "sistema" deu três pontos na Madeira, ante o silêncio cúmplice do clube. Noutra, logo a seguir, tratou de retirar os mesmos três pontos. Enquanto isso, o FC Porto faz o seu caminho sem arbitragens polémicas, repete excelentes inícios de campeonato em termos de facturação de pontos e, como noutros anos, ganha balanço para mais um título... Neste quadro, a argumentação que a administradora da SAD Rita Figueira e outros juristas do Sporting estão a reunir deixa de ter sentido, nomeadamente por já ter passado a ideia de que o clube só está contra quando é lesado, calando-se quando é beneficiado. Foi, de resto, o que se passou na última temporada, num Sporting-União de Leiria, em Alvalade, em que a equipa de arbitragem ignorou um golo limpo dos leirienses, evitando assim a derrota leonina. E também não consta que Paulo Bento, num assomo de "fair play", tenha pedido a repetição desse jogo, como agora Soares Franco acha que o treinador do Paços de Ferreira, José Mota, deveria fazer... É por estas e por outras que o Sporting, nesta cruzada pela repetição do jogo com o Paços, pode ter o apoio dos adeptos e simpatizantes mais ferrenhos, mas não tem, seguramente, o apoio da opinião pública. Nem sequer legitimidade.
2 comentários:
Diz o Stevie Wonder para o Cherbakov: - Então, como tens andado? Responde o Cherbakov: - Bem, como vês.
A ideia de pedir a repetição do jogo Sporting-Paços de Ferreira, que é defendida pelos juristas da SAD do Sporting, é mais um episódio destinado a entrar no anedotário bem recheado do grande pântano em que vive o futebol português, à semelhança do célebre luto sportinguista decretado há uns anos pelo ex-presidente Dias da Cunha.
Infelizmente, nos últimos 25 anos, a história do futebol português está resumida a títulos do FC Porto, entremeados com títulos do Benfica enquanto andava por lá Fernando Martins, o grande amigo de Pinto da Costa em Lisboa.
Para o Sporting, que investiu como ninguém em grandes equipas e em grandes treinadores, ficaram três campeonatos e umas taças sobrantes, conquistados em anos de crise e distracção dos controladores.
Nos anos 90, o Sporting ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça porque tinha mesmo uma grande equipa, o mesmo acontecendo quando foi campeão em 2000 e 2002, falhando muito ingloriamente um tri-campeonato porque o Boavista de Valentim Loureiro se meteu na luta, presumivelmente por "determinação" do tal "sistema", vencendo a Liga de 2001. Quem não se lembra do anti-jogo e do jogo violento que levou o Boavista ao título?!... Quem não se lembra da protecção dos árbitros a esse tipo de jogo?!...
Apesar do jejum de títulos, é curioso verificar as tentativas do Sporting para abraçar os métodos nortenhos, ao ponto de o "namoro" incluir trocas de jogadores com o FC Porto e transferências de quadros técnicos. É também curioso lembrar o silêncio do Sporting quando a classificação da equipa no campeonato indicava o cumprimento dos objectivos...
O mesmo silêncio, afinal, que se verificou antes do último Nacional-Sporting, e mesmo depois dele. O árbitro Paulo Paraty nunca poderia ser o escolhido e a sua nomeação deveria ter sido recusada ou aceite sob protesto, mais a mais por se tratar de um dos homens do "apito dourado". Mas ele acabou por dar a vitória ao Sporting que, com os três pontos no bolso, assobiou para o ar e para os lados. Também a nomeação de João Ferreira deveria ter sido chumbada pelos dirigentes sportinguistas antes do jogo com o Paços de Ferreira, nomeadamente por anteriores graves prejuízos que esse árbitro já provocou ao clube leonino.
O "sistema" mafioso que domina o futebol português é tão requintado que, em apenas dois jogos, conseguiu arrumar com a legitimidade de quaisquer críticas do Sporting. Numa jornada, o "sistema" deu três pontos na Madeira, ante o silêncio cúmplice do clube. Noutra, logo a seguir, tratou de retirar os mesmos três pontos. Enquanto isso, o FC Porto faz o seu caminho sem arbitragens polémicas, repete excelentes inícios de campeonato em termos de facturação de pontos e, como noutros anos, ganha balanço para mais um título...
Neste quadro, a argumentação que a administradora da SAD Rita Figueira e outros juristas do Sporting estão a reunir deixa de ter sentido, nomeadamente por já ter passado a ideia de que o clube só está contra quando é lesado, calando-se quando é beneficiado. Foi, de resto, o que se passou na última temporada, num Sporting-União de Leiria, em Alvalade, em que a equipa de arbitragem ignorou um golo limpo dos leirienses, evitando assim a derrota leonina. E também não consta que Paulo Bento, num assomo de "fair play", tenha pedido a repetição desse jogo, como agora Soares Franco acha que o treinador do Paços de Ferreira, José Mota, deveria fazer...
É por estas e por outras que o Sporting, nesta cruzada pela repetição do jogo com o Paços, pode ter o apoio dos adeptos e simpatizantes mais ferrenhos, mas não tem, seguramente, o apoio da opinião pública. Nem sequer legitimidade.
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