NÃO TE AMO
Não te amo,quero-te;
o amar vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,A calma - do jazigo.
Ai!, não te amo, não.
Não te amo,quero-te;
o amor é vida.
E a vida - nem sentida a trago eu já comigo.
Ai!, não te amo,não.
Ai!, não te amo, não;
e só te quero
De um querer bruto e feroz
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo.És bela;
e eu não te amo,ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo,
que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh!, não te amo,não.
E infame sou,porque te quero;
e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!...não te amo, não.
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