domingo, setembro 09, 2007

ÚLTIMAS DO CASO MADELEINE

Os pais de Madeleine viagaram hoje de regresso a Inglaterra. Depois de um dia de informações contraditórias sobre a data do regresso de Gerry e Kate, constituídos arguidos na investigação sobre o desaparecimento da filha, foram reservados bilhetes no voo das 09h30 de hoje da Easy Jet que liga Faro ao Aeroporto East Midland, que serve Leicester, cidade onde vivem.

Procurador admitiu prender Kate McCann
A situação chegou a ser discutida dentro da Polícia Judiciária de Portimão e em contactos telefónicos com o procurador, mas as dúvidas jurídicas à volta do caso (saber se seria homicídio negligente, que não prevê prisão preventiva, ou homicídio com dolo eventual, que já o admite) acabaram por ditar que Kate apenas fosse constituída arguida e sujeita ao termo de identidade e residência.

A mãe de Maddie também sentiu que o caminho da investigação era esse e logo na primeira noite após a primeira ronda de inquirições desabafou temer pela sua liberdade. Na manhã em que o interrogatório recomeçou a assessora de imprensa disse isso mesmo que Kate teve medo de ir para a cadeia tal era a segurança das acusações dos investigadores.

Ainda segundo apurou o Correio da Manhã, o grande problema da investigação parece ser ainda não estarem determinadas as circunstâncias da morte da criança. Bem como o facto de o cadáver não ter sido encontrado: algo fundamental para fortalecer a tese que agora está a ser defendida pela Polícia Judiciária.

A decisão de avançar para a constituição de arguido de Kate e Gerry foi bastante amadurecida na Polícia Judiciária e Ministério Público. Há mais de um mês que as autoridades tinham a convicção de que o casal McCann não fornecera todas as respostas, mas a chegada das análises mudou tudo. Embora não fossem absolutamente esclarecedoras (há uma correspondência de 78,95% do perfil genético de Maddie relativamente ao vestígio de sangue encontrado no carro usado pelos McCann), a verdade é que a probabilidade de o corpo da menina ou de qualquer peça de roupa sua ter andado no carro alugado depois do desaparecimento aumentou. A isto juntam-se outros elementos de prova, como o facto de os cães terem detectado odor de cadáver nas roupas de Kate e no peluche da criança e também não haver qualquer indício de ter ocorrido um rapto.

Gerry e Kate negam-no e consideram as acusações “absurdas”. Mas não conseguem contrariar a cadência de provas, ainda que circunstanciais, que a polícia tem reunido nas últimas semanas. Tudo aponta para a morte da criança no apartamento e para o facto de o cadáver ter sido sucessivamente mudado de local. O que poderá explicar a existência de sangue de Maddie no carro, que poderia ter sido obtido por contaminação, por exemplo de uma peça de roupa que a menina vestisse no momento da morte.


Kate sabia que era suspeita quando na quinta-feira à tarde entrou na Polícia Judiciária de Portimão. Por esse motivo foi acompanhada de um advogado, comportamento diferente do que assumira em inquirições que antes lhe tinham sido feitas.

Enfiar o corpo da criança no carro “com a família, polícia e imprensa toda à volta”, 25 dias depois do crime, seria “maquiavélico” para o tio de Kate. Brian Kennedy recusa a morte por acidente “muito menos a acusação por ocultação do cadáver”, salientando novamente “Maddie está viva e deviam era fazer tudo para a encontrar.”
“Dois anos de cadeia é algo que a Kate nunca vai aceitar. Não tem nada a esconder e continua livre para voltar para casa”, recorda o tio. “Acabei de falar com ela e sei que está a aguentar-se bem, tem um carácter forte.” As críticas à polícia portuguesa nunca foram explícitas e “também não vão ser feitas agora”. Brian percebe que, como arguidos, os sobrinhos tenham direito a não responder e à presença do advogado.

O casal McCann espera clarificar o seu estatuto legal em Portugal nas próximas 48 horas, revelou ontem Clarence Mitchell próximo do primeiro-mistro britânico, Gordon Brown. Também amigo da família, Clarence Mitchell acrescentou que os McCann “estão em amplo acordo de que devem sair logo que possam”. Director da Unidade de Monitorização dos Media no Gabinete Central de Informação, departamento que responde directamente perante o Gabinete do primeiro-ministro, Clarence Mitchell disse que “o casal pretende consultar os seus advogados no Reino Unido, país onde têm também o apoio de familiares e amigos”. Mitchell foi para o Algarve para prestar assessoria aos McCann após o desaparecimento de Madeleine.

Desde que começou a campanha para encontrar Madeleine, centenas de pessoas fizeram donativos para ajudar nas buscas da criança britânica. A soma dos donativos arrecadados já vai em 1 milhão e 480 mil euros.

Kate McCann foi confrontada durante o seu interrogatório na PJ com o vídeo dos cães a sinalizarem o odor de cadáver na sua roupa. Não forneceu qualquer explicação para esse facto, que está anexo ao processo como sendo um meio de prova .

A assessora do casal McCann garante desconhecer quem paga a defesa de Gerry e Kate, a cargo do advogado Carlos Pinto Abreu. A probabilidade de tal ser feito através do fundo existente para procurar Madeleine foi equacionada, mas ontem ainda não havia confirmação oficial.

PJ espera novas análises para deter casal Mc Cann
A Polícia Judiciária (PJ) acredita que poderá deter o casal McCann na próxima semana. Para tal, espera os resultados que ainda por estão por enviar pelo Forensic Science Service de Birmingham, Inglaterra, que espera que cheguem nessa altura, e o resultado das novas diligências que está a efectuar, retomando as buscas pelo corpo de Maddie. Kate e Gerry foram constituídos arguidos e sujeitos a termo de identidade e residência, mas os próximos dias são decisivos para a mudança da medida de coacção.

É sobre a mãe de Maddie que recaem as maiores suspeitas. Os investigadores admitem a forte probabilidade de Kate ter dado um "estalo" em Maddie e de esta ter batido com a cabeça. O que os surpreende é que a mãe não tenha tido a iniciativa para chamar o 112. E é neste ponto que poderá residir o maior mistério, configurando a já referida hipótese de negligência grosseira. O facto de ser médica e ter percebido imediatamente o que se passou pode explicar o caso.

Amanhã, a PJ entregará ao procurador do Ministério de Público (MP) em Portimão o relatório das inquirições aos McCann, que, ao que o DN apurou, não tiveram grandes resultados devido ao silêncio de Kate e Gerry perante as 40 questões colocadas pelos investigadores.

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