Para a sua edição de Julho, e como forma de homenagear José Saramago, a Playboy Portugal escolheu a fotografia de um homem vestido como Jesus Cristo ao lado de uma mulher semi-nua para capa. No interior, as mulheres multiplicam-se perante um Cristo sereno...
A polémica (previsível?) não se fez esperar e a Playboy Entertainment não foi em contemplações: vai rescindir contrato com a edição portuguesa.
O site Gawker não podia deixar a ocasião em claro, ironizou e lá fez o trocadilho de palavras: «Jesus fez uma má escolha e acabou num bordel português».
Para assinalar a morte do Nobel da Literatura, a Playboy portuguesa inspirou-se no romance Evangelho Segundo Jesus Cristo e colocou um homem vestido de Jesus Cristo no canto de um quarto, enquanto o fotógrafo regista uma cena de sexo lésbico mesmo ao lado. Cristo aparece ainda ao lado de uma prostituta e de uma rapariga em topless, que parece ser uma estudante de um colégio católico. Há ainda uma mulher com uma caçadeira, enquanto Jesus observa.
Theresa Hennessy, vice-presidente do departamento de relações públicas da Playboy Entertainment, em declarações ao site Gawker, garantiu que a empresa não aprova a capa ou as imagens da sessão fotográfica:
«Não vimos nem aprovámos a capa e restantes fotografias. Trata-se de uma violação chocante das nossas normas e não teria sido permitida a publicação se tivessemos conhecimento antecipado», justificou ainda Theresa Hennessy.
As explicações da Playboy Portugal Horas depois da polémica se ter espalhado pelos meios de comunicação portugueses, a administração da Frestacom, detentora da Playboy no nosso país, veio explicar a capa da edição de Julho como um «ensaio original» e «único» sobre Saramago, dizendo não ter sido notificada pela Playboy internacional para encerrar a publicação.
No comunicado enviado às redacções (pode ler aqui o comunicado), a Frestacom explicou que a capa da Playboy, onde se vê Cristo rodeado de mulheres nuas ao lado do título do livro de Saramago - O Evangelho Segundo Jesus Cristo -, pretende ser uma «última homenagem» ao escritor recentemente falecido. Admitindo tratar-se de um conteúdo «forte», a administração explica que o objectivo era transmitir uma mensagem «igualmente forte, sem necessidade de legendas. Aparentemente, algumas pessoas ainda não captaram a verdadeira essência e conceito da revista», lamenta a Frestacom, que se «espanta» com a «atenção dada ao imediato em detrimento da análise profunda» que, sublinham os responsáveis, é transmitida na produção fotográfica.
Ao que parece, os EUA que se dizem tão liberais e modernos, demonstram assim que estão ainda mais retrógrados que muitas mentalidades portuguesas.
É por isto e muito mais que a Igreja não evolui e eu continuarei a ser Ateu.
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