quinta-feira, dezembro 11, 2008

CINEASTA FAZ 100 ANOS


Aos 100 anos, Manoel de Oliveira é: desenfreado, como nos tempos de jovem piloto de corridas e campeão de salto à vara. Hoje, data de aniversário (o registo de nascimento reporta a dia 12, amanhã), roda algures em Lisboa ‘Singularidades de uma Rapariga Loira’, dono e senhor (diz quem com ele trabalha) de uma lucidez e energia estonteantes.

Cineasta dos planos parados, ele é o mais velho cineasta em actividade, título inscrito no Livro de Recordes do Guinness. A carreira começou-a ainda jovem, depois de aos 20 anos ingressar na escola de actores de Rino Lupo. Filho do primeiro fabricante de lâmpadas do País (Francisco José Almada de Oliveira), foi das mãos do pai que recebeu a primeira máquina de filmar, com a qual rodou ‘Douro, Faina Fluvial’ (1931). "A montagem foi feita em casa do meu pai, em cima de uma mesa de bilhar", contou vezes sem conta o realizador que, de uma vida centenária, só lamenta "a juventude perdida".

Mas se a estreia seduziu a crítica estrangeira não agradou ao público nacional. Como a maioria dos seus filmes. Oliveira nunca se preocupou com isso: "O facto de Vermeer [pintor holandês] não vender um único quadro (em vida) também não o impediu de continuar a pintar!?", constatou.

Nos últimos 20 anos fez um filme por ano. "É o facto de continuar a filmar que não o deixa morrer", diz o realizador e amigo João Botelho. "Tem uma forma de filmar única no Mundo", reforça Mário Barroso, director de fotografia de vários filmes do Mestre. É como se Oliveira tivesse inventado uma nova arte. Porque da Sétima, o cinema, diz o realizador: "Não há outra que espelhe a vida tal qual ela é."

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