sexta-feira, janeiro 15, 2010

AGORA É PRECISO REZAR... REZAR???

Muito se tem falado do Haiti nos últimos dias devido à catástrofe que ali aconteceu.
Mas o povo do Haiti já vivia na miséria, na fome e na desgraça há bastante tempo, alguém se preocupou com aquele povo?
Uma vez mais ouço pessoas dizer que é preciso rezar.
É claro que fiquei a pensar sobre isso... rezar.
Mas rezar para quê?
Para quem?

Imaginemos que Deus existe.
Terá Ele ido de férias quando aconteceu a catástrofe?
Não, a catástrofe foi um efeito da natureza.
Mas não dizem que foi Ele que criou o mundo? Então também criou a natureza!
Ou será que também Ele usa o ditado '' depois de roubado, trancas na porta '' ?

Onde estava Ele aqui?

E aqui?

E novamente aqui?

E aqui estavas?

Não, não estava, nem aqui nem em lugar nenhum, por isso não te culpo, nem tão pouco te posso pedir ajuda agora. Catástrofes acontecem, seja no Haiti como em qualquer outro lado do mundo.

O importante é socorrer os que sobreviveram, dar de comer a quem morre de fome por esse mundo fora.


Os homens 'poderosos' que prometem ajudar o povo do Haiti são os principais responsáveis pela miséria que se espalha um pouco por todo o lado.


O mundo é um lugar bonito, não é perfeito bem sei, mas poderia ser muito melhor sem religiões, sem preconceitos, sem ganância pelo poder e riqueza.

Não é preciso nenhum milagre de nenhuma força mitológica, basta que cada cidadão tenha o mínimo de condições para ter uma vida digna.





3 comentários:

Miguel disse...

Mais palavras para quê?São os culpados os governantes destes pequenos países, como aqueles que logo correm a anunciar que vão ajudar, que vão fazer isto e aquilo. O Primeiro-Ministro italiano disse que queria ir ao Haiti. Fazer o quê? Ajudar a carregar os cadáveres? Tenham mas é vergonha e não se lembrem de quem sofre e passa fome, de quem vive em condições sobre-humanas na hora das grandes catástrofes, quando todos os media estão presentes para os filmar e ouvir.

disse...

A verdade acerca do sofrimento do Haiti por Finian Cunningham:
Mesmo no seu momento de absoluta devastação, o Haiti, o país mais pobre do hemisfério ocidental, ensina ao resto do mundo algumas verdades valiosas.
Esta nação insular do Caribe com nove milhões de habitantes tem neste exacto momento um terço da sua população privada de abastecimentos básicos de comida, água, remédios ou abrigo. No piscar de um olho, o terramoto que atingiu o país enterrou uma capital de três milhões de pessoas sob entulho, pelo que a contagem final de mortos pode ir de 100 mil a 500 mil pessoas. Assim, sem mais nem menos.
Tal como o fecho da porta do estábulo proverbial após a fuga do cavalo, os EUA e outras potências mundiais estão a prometer o envio de ajuda de emergência ao Haiti. É bem intencionado, sem dúvida. Mas onde estava a ajuda e a assistência ao desenvolvimento económico ao Haiti – mais da metade da população vive com US$1 por dia e 80 por cento é classificada como pobre – nos anos anteriores a esta calamidade?
A pobreza do Haiti – tal como a de outros países pobre atingidos por desastres naturais – deixa o seu povo totalmente exposto à espécie de devastação que se abaste sobre ele. E sem dúvida a pobreza do Haiti não é apenas um bocado de má sorte ou alguma coisa fundamentalmente errada quanto aos seus recursos naturais e ao seu povo. O país tem sido mantido subdesenvolvidos por décadas de interferência política e económica de Washington a fim de assegurar que esta antiga colónia de escravos continue a servir como uma fonte barata de exportações agrícolas para os EUA e como uma fonte de trabalho semi-escravo para corporações americanas que fabricam têxteis e outros bens de consumo.
Enquanto Washington gasta US$1.000 mil milhões em guerras alegadamente para combater a ameaça do terrorismo, os pobres do Haiti – cuja economia é avaliada em US$7 mil milhões – mostram-nos uma sóbria perspectiva do que é uma ameaça real. Vivemos num mundo físico onde inundações, tsunamis e terramotos acontecem. Estes desastres ceifam muito mais vidas do que as ameaças que obcecam os EUA e com as quais gastam muito mais dinheiro. Pode imaginar quantas vivas poderiam ter sido salvas no terramoto do Haiti se uma fracção do dinheiro dissipado em guerras fúteis houvesse sido dirigida ao desenvolvimento económico e social daquele país?
Naturalmente, a moral e a lógica sensata desta ideia não se aplica num mundo ditado pela política externa de Washington. Isto é assim devido aos imperativos e à lógica do capitalismo conduzido pelos EUA, o qual exige que países como o Haiti sejam mantidos num estado de pobreza em prol do lucro corporativo e que exige a fixação de ameaças ilusório para encobrir a sua necessidade de controlar recursos geopolíticos (principalmente energia). Esta é a face verdadeira do sistema económico que Washington e seus aliados impõem ao mundo. E o Haiti arrancou a máscara desta cara feia.
A angustiante aflição e o sofrimento do Haiti ensina-nos ainda outra coisa. Relatos de cortar o coração de ruas cheias de cadáveres e sangue a escorrer de debaixo do entulho, crianças a chorarem pelos pais, pais a escavarem com os seus dedos à procura dos filhos, o som de vozes moribundas a encherem a escuridão da noite. Isto é o horror de centenas de milhares de pessoas subitamente afundadas no sofrimento. Alguns observadores compararam o que aconteceu no Haiti às consequências de uma bomba atómica. De modo que da próxima vez em que numa manhã de domingo um porta-voz de Washington acenar em fóruns de chat com planos para obliterar o Irão – a outra “ameaça séria” (o que quer dizer nenhuma ameaça séria) – deveríamos recordar: isto é ao que se assemelha o sofrimento humano em escala maciça.
14/Janeiro/2010

disse...

E eu pergunto-me, onde está a United Nations Stabilization Mission in Haiti-Minustah?Li algures que a "Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros."
O povo haitiano será o último a ser atendido. O que vemos pela TV é os haitianos a dizer: estamos abandonados.
realmente lamentável!
(Perdão pela extensão do primeiro texto...)